segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Sobre questões reais e respostas imaginárias

            Bom dia. Mal são sete horas da manhã e eu já acendi o primeiro cigarro. É engraçado como fumar de olhos fechados não te proporciona o mesmo efeito do que tragar duas mil substâncias tóxicas com as pálpebras bem abertas. É como se o fato de você não vir a fumaça saindo da tua boca bloqueasse todo o efeito calmante que o cigarro tem – sequer o gosto do tabaco eu senti na minha boca.
            Mas isso foi outra coisa que ele me disse. Dentre as tantas coisas faladas nos últimos dois meses, a psicologia do cigarro foi a última que permaneceu na minha cabeça. Não que eu não valorize todas as outras conversas, mas as coisas que não foram ditas, mentidas ou omitidas, é que teimam em permanecer e latejar na minha memória. Se palavras têm poder de machucar e destruir as nossas construções, não falar absolutamente nada dá espaço para que minha imaginação – nesses casos, sempre muito fértil – preencha as lacunas com as respostas que eu suponho. E, quase nunca, elas são boas respostas para mim.
            Eu entendo que normalmente eu tenho pressa para resolver as coisas e saber as ditas respostas o quanto antes. Entendo, também, que a maioria das pessoas não funciona como eu – por mais fechada e resistente que eu seja, quando alguém encontra uma brecha na minha concha, eu tendo a acolher o intruso como um dos meus. E isso, meu caro, é intenso até demais para os meus padrões.
            Entretanto, é difícil não buscar essas respostas incessantemente e, com isso, aumentar os níveis de cobrança de uma coisa que sequer tem nome ainda (“o que somos um para o outro?” é uma das perguntas que eu me faço todos os dias). Essa pressão é perigosa e eu, num lapso altruísta que não me é natural, prefiro não fazê-la. Então, o acúmulo de perguntas e repostas supostas apenas pelo meu inconsciente me faz ter a pior insônia do semestre, no meio de um feriado, e levantar antes da sete acender esse cigarro.
            Mas eu fumo de olhos abertos, porque a sua psicologia não se aplica a mim.

terça-feira, 19 de maio de 2015

songs I'll never sing

oh the little tortures i put myself through
all the sad misunderstandings between me and you
they're gonna be my ruin, i know that for sure
just as i knew the day you walked through my door
yes i knew that i would be yours

oh i should've known better than this
i should have predicted that one day i'd miss
so much of you and the little things you do
when you rubbed your hands together i knew it was true
i knew that one day i would fall for you

oh, oh no the sort of things you used to say
they keep on spinning in my head
oh they are a part of i can't let go

the amount of time we spent apart
it weighs so heavy in my heart
you are all of the things that i want more.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Dan-ee-al

Eu não tenho certeza de que algum dia você tenha sido meu, mas eu gosto de pensar nos momentos que estivemos juntos como se eu tivesse tido você. Por um segundo, nem que fosse. Um segundo que você tenha olhado para o meu sorriso e pensado que aquela felicidade nítida e pura era o que você queria que as pessoas sentissem quando estivessem ao seu lado. E eu senti. Foi tão forte que, quase dois anos depois, as marcas de quando você arrancou as raízes dessa felicidade no meu coração, bem, elas ainda persistem. As cicatrizes às vezes sangram, se repuxam quando o tempo está frio, mas eu preciso aprender que são só cicatrizes. Eu preciso aprender que você nunca vai voltar. Que você pertence a outro lugar agora, um lugar que te acolhe com braços, mãos, pernas, exatamente do jeito que eu queria te acolher nesse exato instante.
Eu queria você aqui, mas as coisas fugiram do meu controle e isso tudo acrescido da minha falta de tato e experiência fizeram com que tomássemos rumos completamente opostos. Hoje em dia eu já não te olho passar na rua, justificando que estava distraída demais, quando você me pergunta depois. Mas confesso que sinto saudades da tua voz e do teu sorriso quase maior que seu rosto, seus olhos de lago verde-azul, igual àquela música. Mas te desejo sorte, espero que tenhas encontrado aquilo que eu sei que tu tanto procuravas.

Eu te amo.