terça-feira, 11 de setembro de 2012

"You're gonna make me lonesome when you go", Bob Dylan.


            Sofro de dor compartilhada. Você chora e meu primeiro reflexo é estender-lhe os braços e oferecer-lhe meu calor. Mesmo com todos esses quilômetros que nos distanciam. Parece tão óbvio, mas não é assim que sinto. A sua dor é a minha dor, mesmo que a causa do seu choro para mim seja desconhecida. Eu não sabia do ocorrido até hoje, mas isso explica os maus pressentimentos do meu tempestuoso domingo. O aperto insanamente familiar no coração. As vertigens que me deixaram desnorteada por longos minutos, várias vezes. Você sofria e meu corpo, de alguma forma, captava seus sinais.
            Não é a primeira vez que te sinto aqui de longe. Já é usual imaginar a sua mão tocando a minha, quando me deito sozinha em uma noite qualquer. Olhar para o céu e, ao perceber qualquer brilho esverdeado, lembrar seus olhos. Porém, imaginar a cena de seus olhos lacrimejando de dor é a pior das angústias. Infelizmente, eu tão longe não posso acolher suas lágrimas em meus dedos para nunca deixa-las molhar seu rosto. O único merecedor de ser acolhido por sua face é o seu sorriso.
            Agora eu sei que quando você foi embora a minha trilha inconsciente era puramente dylanesca. Mas te verei no céu acima, na grama alta, naqueles que eu amo. Eu ainda te vejo por aí, mesmo às vezes estando muito distraída para, quem sabe, te ver passar. E em algum canto do meu ser eu reconheço: você ainda domina uma parte muito grande de mim.
            Você me fez muito solitária quando partiu.